“Praticamente não há vento. O Pão de Açúcar
ainda pode ser visto, bem como alguns pontos de fora da entrada no Rio”.
(Charles Darwin, junho de 1832)
MORRO DO PÃO DE AÇÚCAR Arquivo: Guia José Carlos Melo |
O historiador Milton Teixeira conta que naquele momento histórico, Estácio de Sá nomeou o primeiro funcionário público da cidade, o “porteiro” Francisco Dias Pinto, a quem entregou a chave para que trancasse a porta por dentro. Do lado de fora, batendo três vezes na dita porta, e logo indagando o “porteiro” sobre quem vem lá?”, Estácio de Sá respondeu: “Estácio de Sá, Governador do Rio de Janeiro que pede para entrar”. Ainda, segundo o historiador, essa foi a cerimônia da fundação.
Todavia, a sede da cidade não ficou muito tempo ali, mudando-se dois anos depois para o atual centro da cidade, onde se fixou no alto do Morro do Castelo, morro não mais existente. Curiosamente, o desmonte do Morro do Castelo ocorreu quase ao mesmo tempo do aterro feito ao redor do Morro da Urca para construção do novo bairro, do qual parte do material utilizado no aterro foi retirado. Urca é considerado o bairro mais tranqüilo e seguro do Rio de Janeiro, além de não possuir favela.
Estácio de Sá, o
primeiro governador da capitania do Rio de Janeiro, foi gravemente ferido no
rosto por uma flecha envenenada indígena durante a batalha de Uruçu-mirim
(praia do Flamengo) em 20 janeiro de 1567, vindo a falecer um mês depois. Os
índios Tamoios eram aliados dos franceses.
Urca, de onde saiu
esse nome? Duas versões são apresentadas tentando explicar a sua origem. A
primeira delas, que se conservou durante muito tempo, teria vindo da sigla URCA
que representava o nome da companhia responsável pelo aterro de parte da Baía
de Guanabara e construção do bairro: Urbanizadora Carioca. Porém,
o que se sabe hoje, é que a verdadeira empresa que construiu o bairro
chamava-se Sociedade Anônima Empresa Urca, criada em 1921 pelo engenheiro português
Oscar de Almeida Gama e extinta em 1935, sendo substituída pela Companhia
Construtora e Imobiliária do Rio de Janeiro.
O acesso ao topo do
Morro da Urca pode ser feito de duas
maneiras: pelo bondinho do Pão de Açúcar
via caminho aéreo, que leva cerca de 3 minutos, ou ir a pé pela trilha que tem
o seu início na Pista Claudio Coutinho, na praia Vermelha, em uma área
administrada pelo Exército. Cuidado, a praia Vermelha é uma praia traiçoeira, e
muito perigosa para crianças.
Vista da Enseada de Botafogo Arquivo: Guia José Carlos Melo |
Vale destacar, que foi
Sávio Cotta de Almeida Gama, aos 26 anos, filho do engenheiro que fundou o
bairro da Urca, quem construiu o maior e mais belo cassino do Brasil: O Cassino
da Urca, que ao mesmo tempo, era uma casa de espetáculos pela qual passaram os
maiores ídolos musicais da época de ouro da nossa MPB. E, também, que o
empresário mineiro Joaquim Rolla, em 1933, ainda no ano em que foi criado, teve
a sorte de ganhar parte do próprio Cassino da Urca durante uma aposta. Por
força da lei que proibia jogos de azar no Brasil em 1946, o fechamento foi
inevitável.
A segunda versão, a
mais provável, é que Urca (em neerlandês: Hulk) era o nome dado a um tipo de
navio utilizado pelos holandeses para levar o açúcar do Brasil para a Europa.
Portanto, o nome foi dado ao morro com 220 metros de altitude, pela semelhança
com o casco dessa antiga embarcação de transporte de mercadoria, dotada de três
mastros e porão utilizada durante os séc. XV, XVI e XVII. O topônimo Urca é bem antigo e era grafado no
século XVIII, referindo-se a um dos morros do complexo do Pão de Açúcar. Na
verdade, o complexo do Pão de Açúcar é composto por três morros localizados no
bairro da Urca: Morro da Babilônia, Morro da Urca e Morro do Pão de Açúcar (que
dá nome ao complexo).
VISTA DA PRAIA DE COPACABANA Arquivo: Guia José Carlos Melo |
Pela trilha não exige
grande esforço para quem tem bom preparo físico e está decidido encarar cerca
de 45 minutos de ida e, depois, mais 45 minutos de volta por terreno íngreme
com subidas e descidas. Mas, para quem leva uma vida sedentária o passeio pode se
transforma numa experiência desagradável. Agora, três coisas que essa trilha
muito popular não suporta, principalmente, aos sábados, domingos e feriados:
grupos de caminhada com mais de 6 pessoas, o exibicionista que grita na trilha
ou liga aparelho de som, o pichador de árvores e rochas, e o tipo que joga lixo
na trilha, etc. Leve um saco plástico para retornar com o lixo produzido
durante o passeio “ecológico”.
O primeiro trecho do
caminho aéreo do bondinho do Pão de Açúcar, idealizado pelo engenheiro
brasileiro Augusto Ferreira Ramos, que liga a base do Morro da Babilônia (estação
inicial) ao Morro da Urca, foi inaugurado em 27 de outubro de 1912. E o segundo
trecho do projeto que liga o Morro da Urca ao Morro do Pão de Açúcar, foi
inaugurado no início do ano seguinte, em 18 de janeiro de 1913.
Foi no bairro da Urca,
que o presidente Jair Messias Bolsonaro eleito no dia 28 de outubro de 2018,
cursou a Escola de Educação Física do Exercito (EsEFEx), onde foi o primeiro
colocado da turma de 1982. A Escola está subordinada diretamente ao Centro de
Capacitação Física do Exército e Fortaleza de São João, numa área que abriga a
Praia de Fora onde Estácio de Sá desembarcou com a missão de expulsar os
franceses e fundar a cidade de São Sebastião do Rio e Janeiro.
FORTALEZA DE SÃO JOÃO Arquivo: Guia José Carlos Melo |
E a origem do nome Pão
de Açúcar? Desde que foi avistado pela primeira vez até ganhar definitivamente o
nome que conhecemos hoje, o morro do Pão de Açúcar também foi chamado de Pau-nh-açuquã
(Tamoios), Pot de beurre (franceses invasores), Pão de Sucar (primeiros
colonizadores portugueses), Pot de Sucre (franceses). Com relação ao nome
indígena “Pau-nh-açuquã” que teria sido dado pelos Tamoios, há quem reprove tal
afirmação justificando que “o índio não dava nome aos morros”.
Pão de Açúcar, eram
assim identificados pelos portugueses na época dos grandes descobrimentos, dentro
de Portugal e em terras colonizadas pela Coroa, os morros semelhantes a um “pão
de açúcar”. Na segunda fase do processo de fabricação do açúcar, o caldo da
cana era fervido até ficar bem grosso como uma pasta. Essa pasta era colocada em
moldes de argila cozida com formato aproximado de um cone, com um buraco no
fundo, onde descansava por vários dias até que todo o líquido escorresse. Então,
o açúcar mascavado tomava o aspecto de um “pão” cônico, seco e duro. Os blocos
de “pães de açúcar” eram enviados à Europa, onde o precioso produto era
refinado (clareado) e vendido aos consumidores.
O açúcar da zona
nordestina brasileira “acondicionado em fortes caixas de madeira de 20, 35 a 50
arrobas, pregadas, calafetadas com barro e forradas com folhas de bananeira,
era transportado do ponto de embarque até Lisboa, através de uma distância de
8.500 quilômetros”. (revistas.usp.br)
Desde os tempos da
primeira expedição de reconhecimento do litoral brasileiro, o morro do Pão de
Açúcar impressionava quando avistado do mar pelos navegantes, certamente, por
sua localização privilegiada, formato e beleza. O Padre José de Anchieta
(1534-1597) deixou importante contribuição ao descrever, em poucas palavras, sua visão e sentimento a respeito do morro que
guarda a entrada da Baía de Guanabara:
“Ao entrar na barra tem uma pedra mui larga ao modo de um pão de açúcar e assim se chama e de mais de 100 braças em alto, que é cousa admirável”. (Século XVI)
Já o acesso ao topo do
Pão de Açúcar com 396 metros acima do nível do mar, é bem diferente: é feito
através de vias conquistadas por muitos alpinistas que, muitas das vezes,
arriscaram suas vidas em prol do montanhismo brasileiro. Falam em mais de 100
vias de escaladas em diversas faces, que exigem muita disposição e equipamentos
de segurança, para se chegar ao cume do morro mais querido de todos os
cariocas. Cordas, cadeirinhas, capacetes e mosquetões são os equipamentos
necessários para se subir pela via mais fácil chamada Costão do Pão de Açúcar,
onde se alterna caminhada por trilha íngreme sobre rocha em grande parte do
trajeto e uma escalada vertical de 20 metros, na qual se exige tolerância a
altura e boa administração de estresse. Mesmo depois dessa passagem conhecida
como “Lance do Costão”, sempre será necessário o uso de pés e mãos para vencer
obstáculos rochosos que exigem do excursionista atitude positiva. Não
recomendamos para o tipo sedentário ou ao devagar quase parando. Trata-se de um
passeio muito difícil e cansativo, mas que é premiado por uma vista deslumbrante
da Cidade do Rio de Janeiro, Baía de Guanabara e Niterói, município vizinho. É emocionante ver a “Cidade Maravilhosa” a
partir do topo do Pão de Açúcar.
A primeira pessoa a
conquistar o cume do Pão de Açúcar escalando, provavelmente, via “Costão”, foi uma
montanhista inglesa chamada Henrietta
Carstairs, em 1817, onde plantou a bandeira britânica. Porém, a bandeira
deixada pela corajosa mulher não ficou muito tempo ali. Conta-se que o soldado lusitano
José Maria Gonçalves, ferido em seu orgulho, também escalou o Pão de Açúcar,
arrancando de lá a bandeira que sugeria possessão inglesa, para no seu lugar
hastear a do Reino Unido do Brasil.
PLANO INCLINADO - Antes do Lance do Costão. Arquivo: Guia José Carlos Melo |
“Ao entrar na barra tem uma pedra mui larga ao modo de um pão de açúcar e assim se chama e de mais de 100 braças em alto, que é cousa admirável”. (Século XVI)
GUIA CALIANO - Lance do Costão Arquivo: Guia José Carlos Melo |
LANCE DO COSTÃO Arquivo: Guia José Carlos Melo |
“...logo depois estávamos em frente ao Pão de
Açúcar, o verdadeiro. Esse morro singular é um cone perfeito a partir de certa
altura, com flancos tão íngremes e superfície tão lisa que se considerava
impossível subir a seu cume. Essa aventura perigosa no entanto foi tentada e
teve êxito”. (Walsh, 1828)
"Fiz meu passeio vespertino habitual pela enseada. Ali, deitei-me no litoral e observei o pôr do sol dourando as encostas nuas do Pão de Açúcar." (Charles Darwin, 1832)
Colaboração: Guia José Carlos Melo
"Fiz meu passeio vespertino habitual pela enseada. Ali, deitei-me no litoral e observei o pôr do sol dourando as encostas nuas do Pão de Açúcar." (Charles Darwin, 1832)
Colaboração: Guia José Carlos Melo
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JESUS CRISTO é a nossa única Esperança!!!
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